setembro 13, 2020

Todos Os Clichês do Mundo


“Diga-me o que quer e eu o darei”


Pedi a lua, mas só pude tê-la até o amanhecer

Então deu-me o sol, para me fazer

Aquecer

Os dois brilhavam no céu para nunca

Me permitir esquecer

 

Poderia pedir o mundo, ou o universo

Mas isso seria clichê

Poderia pedir campos e oceanos

E estes findariam à mercê

Dentre todas as opções, desejaria 

Unicamente você

 

Maior do que meus braços podem rodear

Mais amplo do que meus olhos são capazes de enxergar

O mais confuso para minha mente desvendar

E da mesma forma quero ao seu lado estar

 

Se deságuo como rio e corro como o tempo

Sempre será só você a conhecer os meus talentos

Sempre será você a chacoalhar-me como árvore ao vento

 

Infinitamente você a entender todos os lamentos

Simplesmente você a unir preto e branco até torna-los cinzentos

Exclusivamente você a dar as minhas ondas mais movimento.



Pessoas e Dentes-de-Leão

   Plantou ali, mesmo com um campo enorme, semeou, regou, observou crescer e tomar forma, dali não retirou, deu liberdade para o que quer que fosse querer. Viu murchar, curar e multiplicar e nunca ousou daquele lugar retirar. E então, num ciclo natural, a vida, o vento, ou o próprio campo o levou.

   Mas era um campo enorme, e mesmo sem acreditar conseguir deixar para trás seu primeiro projeto, pensou: havia mais lugares onde plantar. Repetiu o processo, jurou não mais falhar; semeou, regou, observou crescer e tomar forma, então do solo o arrancou. Maltratado, viu-o morrer em suas mãos.

   Então no campo inteiro plantou, cuidou, observou, mas o vento carregou. Tentou alcançar, mas o que não for seu não irá ficar. Ainda tentou, correu pelo vasto espaço, esticou-se o máximo e por entre os dedos escaparam, eram inalcançáveis.

    Notará então que aqueles que resistiram ao vento e mantiveram-se firmes, agora, por sua culpa, estavam pisoteados, mortos no chão. As pessoas como os dentes-de-leão.